Abdollah Nekounam Ghadiri grava vídeo e diz que Teerã agiu em legítima defesa num ataque limitado para revidar ataque de Tel Aviv à embaixada do Irã na Síria
O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadiri, declarou nesta 3ª feira (16.abr.2024) que o ataque com drones e mísseis contra Israel no sábado (13.abr) que o país considera o assunto “encerrado”. O diplomata se referia à possível escalada do conflito na região. O ataque foi uma resposta a um bombardeio atribuído pelo Irã a Israel (que não assumiu a autoria) em 1º de abril de 2024 que deixou 8 oficiais iranianos mortos.
Em vídeo publicado no X (ex-Twitter) pela embaixada do Irã no Brasil, Ghadiri afirma que a ofensiva foi em legítima defesa e “uma ação totalmente responsável, de acordo com as normas do direito internacional e uma resposta de forma limitada”. Segundo o embaixador, as autoridades políticas e militares de altas patentes da República Islâmica do Irã não desejam a escalada de tensões com Israel, cujo governo já disse que vai retaliar os ataques do fim de semana.
Assista:
O motivo de uma #defesa legitima da República Islâmica do #Irã 🇮🇷 e uma analise da escalada de tensões na região Ásia Ocidental.
Respode o Embaixador do Irã no Brasil, Abdollah @Nekounam_A Ghadiri.#LegitimateDefense pic.twitter.com/gA2ZiBUCLc
— Irã no Brasil (@IRANinBRAZIL) April 17, 2024
Leia a íntegra do discurso do embaixador iraniano, que falou em farsi, a língua oficial do Irã:
“Em nome de Deus, a agressão militar do regime sionista contra a Embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco foi uma flagrante violação de todas as convenções relacionadas aos direitos de locais diplomáticos e a resposta da República Islâmica do Irã foi uma legítima defesa contra este ataque e agressão.
“Essa ofensiva foi uma resposta à exigência e à demanda do povo da República Islâmica do Irã, bem como em legítima defesa contra a agressão do regime sionista.
“A Embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco foi o anfitrião de conselheiros militares da República Islâmica do Irã que, a convite oficial do governo sírio e com o objetivo de combater o terrorismo e o extremismo, estavam cumprindo a sua missão antiterrorismo.
“A República Islâmica do Irã, como tem sido enfatizado por autoridades políticas e militares de altas patentes do meu país, não desejaria a escalada de tensões.
“Neste sentido, a abordagem responsável do Irã perante a paz e a segurança internacional foi uma ação gerencial para esta legítima defesa.
“Nesta fase, a República Islâmica do Irã considera este assunto encerrado. A legítima defesa da República Islâmica do Irã contra a agressão do regime sionista foi uma ação totalmente responsável e de acordo com normas e direito internacional e uma resposta de forma limitada.
“Portanto, a República Islâmica do Irã não foi a instigadora desta tensão na região. O regime sionista, ao atacar a Embaixada da República Islâmica do Irã em Damasco, eclodiu uma agressão militar violando as leis do direito internacional e normas diplomáticas.”
IRÃ X ISRAEL
O ataque iraniano de 13 de abril de 2024 era esperado. O país havia prometido retaliar os israelenses pelo bombardeio que matou 8 pessoas na embaixada do Irã em Damasco (Síria), em 1º de abril, incluindo um general da Guarda Revolucionária. Os países culparam Israel, apesar de o país não ter assumido a responsabilidade, embora na comunidade internacional se dê como certo que a ordem teria vindo de Tel Aviv.
Segundo as FDI (Forças de Defesa de Israel), cerca de 300 drones e mísseis foram lançados pelo Irã. Israel afirma que caças do país e de aliados, como EUA e Reino Unido, e o sistema de defesa Domo de Ferro interceptaram 99% dos alvos aéreos.
A seguir, leia mais sobre o ataque e seus reflexos:
- o que disse Israel – que responderá na hora certa;
- o que disse o Irã – que agiu em legítima defesa;
- reações pelo mundo – o G7, grupo com 7 das maiores economias do planeta, condenou o ataque “sem precedentes” e reforçou seu compromisso com a segurança de Israel;
- reação do Brasil – o Itamaraty disse acompanhar a situação com “preocupação” e não condenou a ação iraniana; depois, o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) afirmou que o governo Lula condena qualquer ato de violência ao ser indagado por jornalistas;
- Brasil decepcionou – o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, disse ao Poder360 que ficou desapontado com a nota brasileira;
- Brasil acertou – já para o ex-ministro e diplomata de carreira Rubens Ricupero, o Itamaraty acertou no tom. Falou ao Poder360 que não há motivos para o país “tomar uma posição de um lado ou de outro”;
- impacto no petróleo – uma possível guerra entre Irã e Israel deve fazer o preço da commodity subir e pressionar a Petrobras a aumentar combustíveis;
- vídeos – veja imagens do ataque do Irã.